Sérgio Francisco Leite, popularmente conhecido como Sérgio Leite, é natural da cidade Carmo do Rio Claro, sul de Minas Gerais. Decidiu seguir o sacerdócio, tornou-se padre, e desde 2008 atua em Campina Grande, onde assumiu a gestão de projetos sociais vinculados à igreja católica.
É o responsável atualmente pela gestão da Fazenda do Sol, entidade que acolhe dependentes químicos, e do Lar da Sagrada Face, uma casa de repouso para idosos, além da recém-inaugurada Casa de Acolhida Nossa Senhora de Lourdes. Sérgio Leite pediu afastamento do ministério sacerdotal em outubro de 2024, pedido que foi aceito pelo Bispo Diocesano de Campina Grande, Dom Dulcênio Fontes de Matos, conforme comunicado oficial da diocese. Desde então ele deixou as funções sacerdotais, mas segue à frente da gestão dos projetos sociais.
Como um jovem comum, tinha uma vida tranquila e desde muito cedo participava de grupos de jovens na Paróquia local, assim como das missas com a família. E embora frequentasse costumeiramente a igreja, ele não se sentiu chamado para o ofício até completar 16 anos.
“Nunca pensei em entrar para o seminário antes dos 16 e foi interessante porque antes disso, eu participei de um concurso de lambada na época e fui campeão tanto na minha cidade, quanto nas três cidades vizinhas. Às vezes se cria essa ideia de que ser padre é uma vontade que vem desde criança, né? Mas eu não queria não, viu? Eu tinha uma vida normal como a de qualquer outro jovem”, pontua.
Porém, foi a partir de uma palestra de um amigo sacerdote, no mês de agosto, em que a Igreja Católica celebra anualmente o mês das vocações, que ele sentiu um chamado particular para a vida eclesiástica. A partir disso, aos 17 anos, ingressou no seminário e fez de sua vida uma completa oblação.
Sua trajetória de estudos e trabalhos perpassa diversas localidades ao longo de seus 50 anos de idade. Iniciou a primeira etapa denominada “etapa propedêutica” em São Paulo. Logo depois, ingressou no curso de filosofia na Pontifícia Universidade Católica (PUC), do Paraná, na cidade de Curitiba.
Ao final do curso, ingressou na Comunidade Passionista, passando pelo noviciado na cidade de Colombo, região metropolitana de Curitiba, própria da instituição que escolheu. Posteriormente retornou à São Paulo, fixando residência no bairro do Ipiranga, onde cursou teologia no Instituto Teológico de São Paulo (ITESP). Ao fim, foi ordenado diácono, na Igreja São Paulo da Cruz, no bairro de Pinheiros.
Foi a partir de experiências com São Paulo da Cruz, padroeiro dos passionistas, que Sérgio Leite passou a carregar consigo um lema: “da Cruz à Luz”. A cruz que, anteriormente na história, era um instrumento de condenação, a partir de Jesus, explica Sérgio, torna-se um instrumento de salvação e manifestação do amor de um alguém que se entrega gratuitamente pelos outros.
No dia 25 de Julho de 2008, Sérgio é enviado para Campina Grande e inicia-se, então, seu envolvimento com os projetos sociais. Há 16 anos, ele assumia a diretoria da primeira instituição social da região, a Fazenda do Sol, que tem por finalidade a acolhida de dependentes químicos.
A instituição, que possui 23 anos de existência e já abrigou mais de dois mil homens ao longo deste período, tem por fundamento três pilares: a oração, o trabalho e a convivência. “A nossa preocupação é acolher a pessoa, independentemente da religião e das suas convicções. Nós queremos o resgate do sentido da vida”, destaca.
O gestor da instituição explica ainda como ocorro o processo de acolhimento “o primeiro passo é o reconhecimento que nós somos presente de Deus… mostrando a beleza da vida e quem é de fato o Criador. A segunda dimensão é o trabalho, pois somos chamados a comer fruto do nosso suor. E o terceiro aspecto é a dimensão da convivência, porque nós somos seres relacionais, nascemos em uma família. Então precisamos, como o próprio Deus se fez família, Pai, Filho e Espírito Santo”.
Atento às necessidades dos outros e defensor da dignidade humana, Sérgio Leite reforça que é preciso acolher, pois acredita que toda pessoa merece uma nova chance. Leva como missão pessoal a devolução da esperança na própria história. “Todos nós erramos na vida. No entanto, é preciso recomeçar e para recomeçar, primeiro eu tenho que acreditar em mim”, explica. “É preciso ter coragem para pedir ajuda. Só pede ajuda quem é humilde, quem é corajoso. Quem não pede ajuda em meio ao sofrimento, acaba definhando.”
Também administra o Lar da Sagrada Face, uma casa de repouso para idosos e a recém-inaugurada Casa de Acolhida Nossa Senhora de Lourdes. A instituição que acolhe pacientes em tratamento oncológico, serve de apoio para estes em parceria com o hospital da FAP, recebe nome simbólico por causa de uma devoção. Uma vez que Nossa Senhora de Lourdes é a Padroeira dos Enfermos.
Ele cursa ainda psicologia na UNIFACISA por entender que o curso o auxilia em sua missão junto aos acolhidos.
“Eu vejo que é preciso buscar conhecimento. Nesse sentido, quero estudar para entender um pouco mais da saúde mental e ajudá-los, dizer que eles são capazes. A partir do momento que eu sou capaz de escutar, o outro pode também se sentir importante e reconhecer que é possível uma superação”.
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EXPEDIENTE
Fotografia: Gabriel do Carmo, Milena Fernandes, Stephany Madureira, Karolayne Pereira, Victória Lopes.
Texto: Stephany Madureira.
Revisão: Karolayne Pereira.
Edição: Gabriel do Carmo; Victória Lopes.
Supervisão editorial: Ada Guedes, Rostand Melo.
Agradecimentos: Sérgio Leite e equipe da Fazendo do Sol.
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