Por trás de uma rotina intensa que envolve o ciclismo e o empreendedorismo, Valdemir Custódio, mais conhecido como "Nem" ou "Nembike", construiu uma trajetória de superação e determinação tendo a bicicleta como centro de suas atividades e rotina. Da primeira aquisição de uma bicicleta na adolescência aos dias de hoje, aos 53 anos, Valdemir coleciona experiências, troféus e histórias de uma vida em movimento.
O interesse pelo ciclismo começou ainda na infância, "meu sonho era ter bicicleta", um sonho que realizou aos 13 anos ao comprar sua primeira "crosszinha". No começo, como ele relembra com bom humor, "andava mais empurrando do que pedalando". Mas o amor pelo pedal só crescia.
A primeira experiência competitiva veio em 2017, em Campina Grande. "Era uma prova de MTB (Mountain Bike). Eu já participava de pedais noturnos nos finais de semana, mas aquela competição foi diferente", explica. Sem saber ao certo em qual categoria deveria competir, acabou inscrito na "Turismo Campina", destinada aos ciclistas locais. Esse evento foi o ponto de partida de uma série de participações que lhe renderam inúmeras medalhas e troféus.
Entre suas muitas aventuras, Nembike destaca uma competição no Piauí, também em 2017, com um percurso de 93 km. "Foi a minha primeira viagem para mais longe e eu ainda estava começando a participar de provas de nível mais alto." Nessa prova, ele conquistou o 6º lugar, mas a experiência valeu mais que o resultado. No ano seguinte, mais preparado, retornou à mesma competição e melhorou sua colocação para 4º lugar e em 2019 ele levou para casa três troféus.
Entre a Superação e o Treino
Nem treina nos intervalos que encontra em sua rotina intensa de trabalho e competições. Apenas duas horas nas terças e quintas. Apesar da limitação de tempo, ele leva o esporte muito a sério e desde 2017 sua dedicação não é mais por lazer e sim com foco nas competições.
Seu grande objetivo no ciclismo? "Eu queria chegar nas 'cabeças', nos 'top'. Embora o comentário venha acompanhado de risadas, a ambição é evidente. Ele já enfrentou muitos desafios ao longo de sua jornada, como na recente prova de 122 km em Itabaiana. "No sábado, nos 85 km, eu apaguei, foi difícil terminar, mas terminei em 8º lugar. No domingo, fui mais preparado e consegui o 2º lugar", relembra orgulhoso.
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Um novo começo
A trajetória de Valdemir no ciclismo quase foi interrompida por um problema de saúde grave. Sua esposa, que acompanhou de perto esse momento, relembra com detalhes a luta do marido contra uma hérnia de disco, que o levou a uma cirurgia delicada.
"Ele descobriu a hérnia e foi para o hospital sem conseguir andar. Ficamos muito preocupados, porque os médicos disseram que havia o risco de ele não voltar a andar."
Após três dias no hospital, Valdemir foi submetido à cirurgia. "Eu estava lá quando ele acordou da operação, e a primeira coisa que ele perguntou ao médico foi se poderia voltar a pedalar”. A recuperação não foi fácil. O nervo ciático fora atingido e ficou realmente sem andar por um tempo, mas ele nunca perdeu a vontade de voltar à ativa.
Durante a reabilitação, Valdemir teve que reaprender a andar e se adaptar à nova realidade. Pedalar era possível apenas para ir ao trabalho e somente aos poucos foi recuperando a confiança. Foi depois da cirurgia que ele decidiu competir de verdade.
Foi o ciclismo o que ajudou Valdemir a superar as dores e as limitações. "Curiosamente, ele não sente mais dores na coluna desde que começou a competir. Mas quando ele para por um tempo, as dores voltam", diz. A esposa acredita que foi o ciclismo que deu a Valdemir uma nova perspectiva de vida e o ajudou a se manter forte, mesmo diante de adversidades tão grandes.
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Resiliência e Conhecimento
Nem acredita que o aprendizado contínuo fez toda a diferença em sua evolução como atleta. Ele conta que, no início, por falta de conhecimento, enfrentava dificuldades na recuperação pós-prova.
"Em 2017, 2018, a gente não tinha esse conhecimento. Terminava a prova no domingo e passava a segunda, a terça e a quarta sem nem olhar para a bicicleta."
Hoje, ele domina melhor as técnicas de recuperação e sabe gerenciar o próprio corpo após as competições. "Agora a internet ensina tudo. Eu aprendi a me recuperar mais rápido. A experiência ajuda a não cometer os mesmos erros", diz com satisfação.
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Ciclistas de Corpo e Alma
Valdemir não vê desafios como obstáculos, mas como oportunidades de superação.
"Eu costumo dizer que cada prova é melhor que a anterior. A gente treina para terminar a prova e subir no pódio, mas se eu terminar inteiro, já estou satisfeito". Para ele, o ciclismo é mais do que competir, é uma forma de viver melhor, mais saudável e em constante movimento.
O ciclismo mudou sua vida. "Você adapta a sua rotina e o esporte acaba transformando tudo ao redor." Além do preparo físico, o ciclismo lhe trouxe uma visão mais clara sobre disciplina, perseverança e a capacidade de vencer desafios.
EXPEDIENTE
Fotografia: Camille Santos, Kaio Oliveira, Jayne Freire, Luiza Calixto e Agamenon Lima
Texto: Kaio Oliveira
Produção: Camille Santos
Revisão: Luiza Calixto e Agamenon Lima
Entrevistadores: Kaio Oliveira e Jayne Freire
Entrevistado: Valdemir Custódio
Monitoria: Bianca Dantas e Cecília Sales
Supervisão editorial: Rostand Melo e Ada Guedes
A entrevista "Nem Bike: uma vida em movimento, por amor ao ciclismo" é inspiradora e bem estruturada, destacando a jornada de Valdemir Custódio, que superou uma hérnia de disco e transformou o ciclismo em seu estilo de vida. Com linguagem acessível, o texto revela seu crescimento como atleta e o impacto do esporte na sua saúde e disciplina. As fotografias enriquecem a narrativa e permitem uma conexão visual com a história de superação e dedicação ao esporte.