"Creio em Deus Pai Todo-Poderoso, Criador do céu e da terra; e em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor..." é com esse trecho da oração do Credo que podemos descrever a religiosidade do cantor paraibano Matheus Alves. Nascido em Campina Grande, o artista tem a fé como um guia e a música como um sonho de vida. Atuante no gênero do "Piseiro", o estilo pode gerar dúvidas nas pessoas por julgarem como oposição ao que prega a doutrina da Igreja Católica. Mas o cantor esclarece: "O que Deus vai analisar na minha vida é o que faço no momento em que ninguém está me vendo. As pessoas que ajudo com uma palavra, afeto e carinho."
Matheus Alves, 21 anos, cantor, coroinha e sonhador é um jovem em busca da ascensão no âmbito musical. Se descreve como indeciso porque na infância dividia a paixão pelo futebol e a música, mas o seu destino foi entrelaçado pelo meio artístico. Religioso, sempre busca falar sobre Deus como o seu maior ídolo e a inspiração da trajetória da sua vida.
Quando criança, Matheus era cercado de influências que o ajudariam a se apaixonar pela área musical. Lembra que ficava atento quando a mãe colocava as músicas para fazer a faxina da casa e nos conta que com 4 anos de idade ouvia as canções de Amazan e o imitava: "Eu ficava fingindo que a almofada era uma sanfona e cantava às músicas dele."
Com 8 anos de idade, o pai de Matheus decidiu que era preciso o menino ocupar o seu tempo ocioso. Decidiu inscrever o garoto em duas atividades: na escolinha de futebol e no curso de música. A partir disso, Matheus percebeu o seu lado aflorar para o esporte e diminuir para a música: "Passei seis meses estudando no curso de música e não aprendi nada, nem a tocar um instrumento, por incrível que pareça".
Se na infância não desenvolveu habilidades musicais, na adolescência, com o apoio de um amigo que tocava violão e decidiu ensiná-lo, Matheus aprendeu suas primeiras notas em seu violão que até então ficava ali parado.
E foi no grupo de coroinhas da igreja que a sua trajetória com a música foi se desenhando. Certa vez um amigo de infância o convidou para assistir os ensaio do trio de forró. De espectador dos ensaios do grupo, Matheus foi convidado a ser um dos integrantes após um componente que formava o trio desistir. Tocando o triângulo nas festas teve a sua primeira experiência no palco. Quando questionado pelo colega de banda se sabia cantar ficou receoso, mas aceitou o desafio. A experiência o fez ganha confiança, mas Matheus queria encontrar o seu próprio lugar e estilo e decidiu apostar em carreira solo.
Aos pais disse que os estudos não era seu forte e pediu o apoio deles para que o ajudassem no seu sonho. Dito e feito: “Se é isso que você quer, a gente vai lhe apoiar".
Porém, os desafios na caminhada estavam por vir. Junto com o pai, caminhava pelos bares em busca de oportunidade para cantar. Mas eram recebidos com um seco "não" pelos donos. A figura paterna o consolava dizendo que era normal receber respostas negativas e que futuramente o jovem estaria com a agenda de shows lotada.
As experiências na música foram se formando através das participações em concursos musicais. Os vários "quases", como costuma dizer, estavam sempre presentes. Recebeu diversas vezes o "não" como resposta em suas tentativas e o que mais lhe marcou foi o concurso na cidade de Lagoa Seca, na Paraíba, quando um dos jurados no programa "Ídolos", da Record TV, disse: "Volta amanhã, mas volta amanhã sabendo que você ainda não vai tá pronto. Você tem que estudar muito ainda para conseguir cantar", nos conta.
Em 2018, descrente de qualquer expectativa, Matheus decide se inscrever no concurso "Dom Forró", realizado pela TV Itararé. Passando pelas fases do programa destacou-se em meio aos concorrentes e se tornou o campeão. Depois do 1° lugar no concurso, o artista viu as oportunidades se abrirem na sua vida. A frase do jurado neste momento não fazia mais sentido com o seu progresso.
E dessa vez, o “deu certo” deu lugar ao “por que não tá acontecendo?”. Em 2018, Matheus foi incentivado por um amigo, a participar do programa do Raul Gil, no SBT. Mesmo inseguro e se sentindo despreparado, decidiu se inscrever, mas resolveu que não colocaria tantas expectativas pra não "quebrar a cara" mais uma vez. E dessa forma ele fez, se inscreveu, não comunicou a ninguém e até se esqueceu que havia feito a seleção. Alguns dias depois, recebeu a notícia que havia sido selecionado para concorrer no quadro "Jovens Talentos" e que iria para São Paulo, mas que não seria daqui 2 ou 3 meses, ele viajaria na semana seguinte. Então desacreditado, começou as preparações para ir, desde os ensaios até arrecadação de dinheiro para os gastos que eram por conta da família.
“A experiência é algo surreal… Lá é incrível, é tão grande que não dá pra se locomover a pé, tem uma espécie de “ponto de ônibus” que você espera um carro pra te levar”, conta Matheus, que teve a oportunidade de cantar três vezes no programa. Mas como nem tudo são coisas positivas, a cidade natal não correspondeu às suas expectativas e ao retornar para Campina, as portas que ele imaginava que fossem se abrir, não abriram. Os bares nos quais se apresentava, não o contrataram mais e percebeu que tinha “batido na trave”, não era naquele momento a sua hora de “estourar”.
Em meio à pandemia percebeu a carreira entrando para monotonia. Diante disso, decidiu participar do concurso virtual promovido pelo "Sua Música", que alavancou a carreira. Entre uma disputa acirrada na final, Matheus, com ajuda dos fãs, conseguiu superar João Gomes na votação e levou o prêmio. A recompensa foi a divulgação nas redes sociais e de bônus um contrato com a gravadora. A disputa lhe rendeu conhecer o parceiro de música Japãozin e juntos lançaram o hit "No Sigilo" que soma milhares de visualizações nas plataformas digitais.
De uma forma inusitada, o artista foi convidado para se apresentar no "Maior São João do Mundo". Através de uma live no Instagram, Matheus contou que foi surpreendido com a presença do prefeito de Campina Grande, Bruno Cunha Lima. Admirado com o desempenho do cantor, decidiu convidá-lo para cantar na edição da festa em 2022. Acostumado a se apresentar nos concursos e nas palhoças no período junino, estaria diante do público da própria cidade. O cantor nos fala da experiência como o melhor show da sua carreira e relata que não conseguiu segurar a emoção:
"Eu não queria chorar, mas quando vi as pessoas chorando, eu não aguentei."
A história de Matheus Alves não se encerra por aqui. O artista sonhador de Campina que enfrentou as várias adversidades para buscar a ascensão na música continua a lutar por mais visibilidade. Com o apoio da família e do seu maior ídolo Deus, estão todos juntos para tornar os "quases" da sua vida em realizações.
Confira mais imagens no slide-show:
FICHA TÉCNICA
Fotografia, texto e reportagem: Ana Flávia Farias, Hellen Mayara Rocha e Jairo Vasconcelos
Monitoria: Vitória Félix e Lara Melo
Supervisão editorial: Rostand Melo e Ada Guedes
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