Frankariston Alves de Brito, 44, mais conhecido como Frank Alves é fundador e coordenador, há 14 anos, do projeto social Aurineth Alves que auxilia milhares de pessoas portadoras de câncer na cidade de Campina Grande-PB. Frank também é político no município campinense, tendo tomado posse em 2022 como vereador. Nas eleições 2024, Frank foi reeleito pelo partido PODEMOS, obtendo 2.514 votos.
O projeto social existente há mais de uma década leva o nome de sua mãe, dona Aurineth Alves que acabou falecendo de câncer, o que despertou um sentimento de solidariedade em Frank para ajudar essas pessoas que passavam e passam por essa doença e não tinham condições financeiras para custear o tratamento. Veja a entrevista completa com esse homem do povo.
1 - Como funciona o projeto Aurineth Alves?
A associação leva o nome da minha mãe. Ela faleceu de um câncer há praticamente 14 anos atrás e eu acompanhei desde o início do diagnóstico e fui vendo a dificuldade dos pacientes que se tratavam com ela no hospital da FAP, e vi o sofrimento de muitas pessoas em ter acesso a exames médicos e eu fiquei sensibilizado com a causa do portador de câncer. Hoje nós temos fisioterapia e outros atendimentos médicos de forma gratuita para os portadores de câncer aqui na Associação, assim como fazemos doações pela associação. Temos assessoria jurídica para lutar pelo direito do portador de câncer. Nós também temos feito um trabalho muito bonito na área de saúde mental, que o paciente quando ele tem um diagnóstico do câncer ele fica com depressão, ele fica querendo muitas vezes tirar sua própria vida, então nós temos que trabalhar também com a mente. Então hoje a gente conta com psiquiatra aqui na instituição, psicólogo e psicanalista. Nós também temos nossa ambulância que leva as pessoas pra fazer quimioterapia, radioterapia ou qualquer tratamento quando necessita da ambulância, vem aqui, faz um cadastro, um aviso prévio pra que a gente organiza a ambulância, deixa ela toda higienizada, vá com a equipe de enfermagem também pra ir buscar no hospital ou levar no hospital e temos nossas ações sociais nos bairros, onde a gente atende, leva a equipe médica, no sítio, na zona rural. Então, nós temos aqui tomografia, ressonância, endoscopia, ultrassonografia, que faz aqui mesmo na associação, e vários outros procedimentos que nós, com essa parceria que temos com particular, nós podemos ajudar nos valores de alguns exames com até 70%. Pra você ter ideia, um raio-x na Campimagem ou em outra clínica aí, varia de R$70 a R$100. Saindo o paciente aqui com encaminhamento, ele só vai pagar lá na clínica R$36. Quer dizer, ajuda de mais de 70% dependendo do exame. E esse trabalho, com certeza, tem feito a diferença na vida de muita gente.’’
2 - O que levou o senhor a criar esse projeto foi a morte de sua mãe, aquele desejo de ajudar as pessoas portadoras de câncer?
Isso. Foi isso que me motivou, tudo existe um propósito nessa vida, talvez se minha mãe não tivesse tido câncer, não tivesse falecido do câncer, não existiria a associação, inclusive o nome do projeto leva o nome dela (mãe de Frank). Como eu vi que ela sofreu muito e tinha pessoas que sofriam muito mais do que ela por não ter acesso a exames médicos, eu fiquei sensibilizado com a causa e resolvi abraçar essa bandeira e até hoje, já há 14 anos que nós temos ajudado muita gente.
3 - Quais foram as maiores dificuldades enfrentadas para colocar em prática esse projeto?
Dificuldade nós temos todos os dias. Como eu abri a instituição para vários tipos de patologia, a gente todo dia tem um gigante a vencer, porque cada história é uma pior do que a outra, cada situação uma pior do que a outra. Às vezes, tem um problema pior do que o câncer. E manter aí, hoje em dia, é um desafio, porque o público cresce. A associação é mantida com meus recursos próprios, eu não recebo ajuda de nada, até hoje, não sei amanhã, mas a preço de hoje ela tem sido mantida com meus recursos próprios e esses recursos, que são minhas rendas pessoais estão ficando cada vez menor, sabe por quê? Porque o número vai crescendo e eu já começo a ter dificuldade e as dificuldades já estão surgindo devido ao número de pessoas que crescem a cada dia em busca de ajuda.
4 - Qual era sua atividade/profissão antes de entrar na política?
A minha primeira profissão foi comerciante, porque mãe era comerciante, mas não era pra mim o comércio. Eu já não me identificava muito com o comércio, porque mãe reclamava muito comigo, às vezes, porque quando chegava uma pessoa precisando, eu dispensava o pagamento, eu dava, já era de mim. Entrei pra vida pública, fiquei apoiando os candidatos na época, e vi que eu gostei daquilo, não da política em si, mas de ter condições de ajudar as pessoas. Então, aí foi entrando na carreira política, eu exerci, fui diretor de posto de saúde, fui supervisor do Hospital de Trauma, em Campina Grande, depois eu fui coordenador da central de consultas e fui pegando alguns cargos e isso me inspirou com um desejo maior ainda de ajudar as pessoas. E estou até hoje na política não pela política, mas sim para que eu tenha meio e recursos para ampliar todo esse trabalho. Eu acho que quando você faz uma política com amor, com uma política limpa de verdade, Deus está presente e tudo prospera.
5 - O projeto existe há 14 anos e o senhor só assumiu como vereador em 2022. Como foi tocar o projeto antes e depois do seu cargo político? Estar na câmara tem ajudado na sua missão no projeto?
Uma diferença muito grande. Quando você tá em um mandato de vereador, você tem acesso a várias secretarias, você tem acesso a muita coisa boa. Inclusive, eu como vereador, eu pude fazer projetos que beneficiam muitos portadores de câncer, como por exemplo, fiz projetos que davam andamento à fila de cirurgias, visitei hospitais como o da FAP, em Campina Grande. Fiz vários projetos que beneficiavam os portadores de câncer e também outras pessoas de outras patologias, então, com o mandato você ainda pode fazer muito mais. Com o mandato, vou poder fazer convênios, ter força para conseguir convênios com o SUS, com o mandato eu vou ter mais condições financeiras de contratar mais profissionais da saúde e dar o direito de gratuidade a mais pessoas com todo tipo de patologia.
6 - O projeto atende de pessoas de diferentes marcadores sociais como: falta de recursos, baixa escolaridade e questões de saúde. O que sente em auxiliar de alguma forma pessoas nesse contexto?
O meu sentimento é de gratidão a Deus, sabe? Sonhamos em ter condições de servir, doar. Inclusive aqui tem cursos de cuidadores de idosos, curso de design de sobrancelha, curso de barbeiro, eu já coloquei vários cursos aqui também. Então, eu já coloquei muitos cursos que beneficiaram muito jovens, tem muitos que hoje já tem o seu próprio salão através de um curso que eu doei, tem muitos que conseguiram emprego através dos cursos que fizeram aqui gratuitos e eu fico muito feliz de não só apenas abençoar pessoas da área de Oncologia, mas também de todas as áreas.
7 - Quais os planos futuros para o projeto Aurineth Alves?
O plano futuro é de transformar aqui numa policlínica, onde eu possa atender pessoas com vários tipos de patologia, onde eu quero estar à frente ali com as pessoas, atendendo elas, como eu já faço todas as tardes, pra mim não tem limite. O limite é até onde Deus permitir. Eu creio que um dia a gente vai dizer: ‘’A nossa instituição se tornou grande, não só em Campina, mas em nível de Estado’’, eu creio. É essa a visão que eu tenho que ela venha a ser nível estadual.
Confira mais fotografias no slideshow:
EXPEDIENTE
Fotografia: Helder Guilherme e Luiz Emanuel
Texto: Helder Guilherme e Luiz Emanuel
Monitoria: Ivaneide Santos e Briza Luiza
Supervisão Editorial: Rostand Melo e Ada Guedes
Entrevistado: Frank Alves
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