O diagnóstico de Acidente Vascular Cerebral (AVC) ocorre quando há obstrução ou rompimento dos vasos que levam o sangue ao cérebro. Segundo dados do Ministério da Saúde, é uma das principais causas de morte e incapacitações em todo o mundo. É importante mencionar que 62 mil pessoas abaixo dos 45 anos foram alvos entre os anos de 2000 e 2010 no Brasil. A pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2013 estimou cerca de 2.231.000 pessoas vítimas de AVC e 568.000 com incapacidade grave.
O tratamento e reabilitação de pacientes que sofreram um AVC varia de acordo com a gravidade, e tem por objetivo auxiliar a pessoa com dificuldades adquiridos pelo derrame (como é popularmente conhecido). “O processo de reabilitação PÓS-AVC envolve terapias físicas, ocupacionais e fonoaudiológicas. É trabalhado com o paciente a recuperação de habilidades motoras, cognitivas e da fala. No entanto, o suporte da família desempenha um papel crucial nesse processo”, afirma Simonny Mathias, fisioterapeuta.
O Acidente Vascular Cerebral é dividido em dois tipos: Isquêmico e Hemorrágico. O primeiro se caracteriza pela obstrução de uma artéria, impedindo a passagem de oxigênio e, segundo a OMS, é o mais comum, representando 85% dos casos. Tendo 15% dos casos, o tipo Hemorrágico caracteriza-se por ter o rompimento de um vaso cerebral, ocasionando uma hemorragia. Mesmo acontecendo com menos frequência, os índices de mortes são bem maiores em ocorrências desse tipo de AVC.
Estes casos costumam ocorrer mais em idosos e em pessoas com fatores de risco como hipertensão, diabetes, obesidade, tabagismo, uso excessivo de álcool, sedentarismo, entre outros.
Porém, os casos tem aumentado em pessoas jovens. As estatísticas mostram que no ano de 2012, foram internadas aproximadamente 4 mil pessoas entre 15 e 34 anos com casos de AVC.
A Neurologista do HCor Neuro, Dr. Robson Fantinato, afirmou em entrevista que: “os jovens estão expostos mais precocemente à fatores de risco como sedentarismo, pressão arterial elevada, diabetes, colesterol alto e obesidade, [...] o tratamento preventivo engloba o controle de vários fatores de risco, além da necessidade de ter uma alimentação saudável e praticar exercícios físicos”.
REPARAÇÃO
Terapias físicas, ocupacionais e fonoaudiológicas são alguns dos processos de reabilitação para pacientes acometidos pelo problema. A persistência de quem sofreu com o AVC é muito importante para a recuperação e tentativa de volta a realidade, a fim de que repare aquilo que foi afetado: a estabilidade e independência.
As sequelas, que podem durar um período ou a vida toda, vão desde paralisias em partes do corpo, problemas de visão e memória, até dificuldades na fala. Simonny explica que o tratamento e cuidado após um AVC varia de acordo com a gravidade do quadro: “Muitas vezes o paciente chega a ser admitido na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para monitoramento contínuo e cuidados mais intensivos. No caso do isquêmico, o tratamento é medicamentoso, com administração de anticoagulantes ou outros medicamentos para controlar a pressão arterial, prevenir convulsões e gerenciar complicações”.
A fisioterapeuta também ressalta e explica como funciona a reabilitação aguda: “[...] assim que o paciente estiver estável, inicia-se pós tratamento, que pode incluir fisioterapia, terapia ocupacional e fonoaudiologia para abordar déficits motores, cognitivos e de fala”. Em casos mais graves, os cuidados a longo prazo podem envolver assistência contínua, adaptações no estilo de vida e suporte emocional através de um psicólogo.
Com o AVC do tipo hemorrágico, caso os sintomas sejam muito severos poderá ser necessário o uso de cirurgia e dependendo da área afetada no cérebro, ocorrendo até terapias especializadas para abordar déficits específicos, como terapia da fala para problemas de linguagem. A intervenção cirúrgica, serve sobretudo, para aliviar a pressão no cérebro. Para além dos cuidados médicos, o apoio da família é essencial para a recuperação. “Foi graças a esse apoio que fui conseguindo me recuperar a ponto de voltar para minha profissão como cantor, mesmo que com dificuldade”, esclarece Jhonatta Porto, um dos casos de AVC isquêmico, com apenas 33 anos.
RESILIÊNCIA
Como qualquer outra doença, esta necessita da perseverança do paciente e principalmente dos familiares. “Ele precisava de 100% de atenção, ajuda para comer, tomar banho, levantar, andar. Até ele conseguir retornar as suas atividades, eu e minhas filhas nos ajudávamos para sempre o auxiliar em tudo”, relatou Bruna Diniz, esposa de Jhonatta.
“Motivar o paciente durante a reabilitação, acompanha-lo às sessões de fisioterapia, e se possível, envolvendo-se ativamente no processo de reabilitação. Ajudar nas atividades de vida diária, como por exemplo, escovar os dentes, tomar banho. Incentivar a independência, buscar se informar sobre a doença de forma a compreender melhor as mudanças e desafios enfrentados pelo paciente. Cuidar da alimentação dele e incentivar a prática de atividades físicas são meios para a família se aproximar e encorajar as pessoas vítimas dessa vulnerabilidade”, explica a fisioterapeuta.
Este apoio muitas vezes passa despercebido e é negado pela própria família, já que a disponibilidade de monitoramento, cuidado contínuo e auxílio necessita de tempo, mas também resiliência e principalmente o amor. Ressalta Bruna: “Pra mim, foi muito difícil pois tinha que efetuar todas as tarefas de casa, de obrigações, de mãe, de esposa, além do trabalho fora de casa. A oração e a fé sempre nos davam forças, e a gratidão por ele ter saído com vida já nos motivava em tudo.”
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Fotografia: Estefani Alves
Reportagem e texto: Brenda Maria e Estefani Alves
Edição: Sarah Silva e Débora de Lima
Monitoria: Ivaneide Santos
Supervisão editorial: Rostand Melo e Ada Guedes
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