Pandemia, alta do dólar e inflação elevada em 2021 deixaram os preços de ovos de páscoa ainda mais salgados. Apesar disso, o melhor preparo de supermercados para o e-commerce e a estratégia de iniciar a oferta mais cedo garantiram um número de vendas maior que no ano passado. É o que apontam estudos feitos pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras).
O aumento do dólar e a inflação ajudaram no crescimento dos preços dos produtos de páscoa, assim como nas embalagens. Somente neste ano, o dólar registrou valorização de 5,72%, chegando, no dia 8 de abril, a R$5,64, tendo aumentado um pouco mais de 40 centavos desde o mesmo período no ano passado.
Segundo a pesquisa feita pela Abras, os ovos de páscoa tiveram um aumento de preço de 11%, e os bombons e barras de chocolate, 10%. Não somente os preços dos chocolates expandiram, mas também o custo das embalagens, que aumentaram aproximadamente 30%, segundo dados da Associação Brasileira de Embalagens (Abre) coletados pela Valor Econômico. Esse aumento se deu pela paralização de indústrias (com a pandemia) e devido às resinas e outras matérias-primas serem baseadas no dólar americano.
Apesar dos preços mais salgados, a Abras estima aumento de 15% nas compras de ovos de páscoa e outros doces, em comparação a 2020. A entidade aponta que, devido a surpresa do começo da pandemia, no ano passado, as lojas não estavam devidamente preparadas para lidar com o “novo normal” como estão esse ano, contando com a venda online e também; com mudanças em suas lojas físicas, como limite de pessoas e álcool em gel disponível nas entradas.
Estratégias para o preço dos chocolates não subirem tanto foram usadas pelas fábricas, como aumentar a produção e a eficiência. Além disso, eles diversificaram os produtos para vários perfis de consumidores, como zero lactose, amargo, meio amargo, zero açúcar, além de preços e tamanhos diversos.
Outra estratégia que deu certo foi “antecipar a páscoa”. A Abras aponta que era possível encontrar itens de Páscoa à venda nos supermercados desde a segunda quinzena de janeiro.
Não foi só o preço dos ovos industriais que aumentou. Além do próprio chocolate, outros insumos utilizados na confeitaria encareceram, aumentando o preço de ovos caseiros e de colher. Sobre isso, a confeiteira Rebeca Castro , de Campina Grande-PB, aponta que “Leite condensado, manteiga e derivados do leite no geral foram os aumentos mais abissais, embora todo produto tenha sofrido o mesmo”.
De fato, segundo informações do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a chamada Média Brasil Ponderada do preço do leite em março de 2021 superou em 28,4% a do mesmo período no ano passado e isso se reflete no preço, também, dos derivados do leite.
Os preços de produtos importados como a Nutella, queridinha dos ovos de páscoa “Gourmet”, também acabam afetados com a alta do dólar. Rebeca explica que os aumentos nos preços dos insumos impactaram em até 15% no preço final do seu produto, mas ressalta que tentou deixar o menor possível:
“Entendemos que todas as classes estão sofrendo o aumento do custo de vida e a diminuição do poder aquisitivo devido a fase que estamos vivendo, e nossa intenção sempre foi oferecer um valor justo para a qualidade dos nossos produtos”.
Assim como aconteceu com os ovos industriais, a venda de ovos caseiros também melhorou esse ano, é o que relata o confeiteiro Victor Miguel, de Fagundes-PB, que trabalha no ramo desde 2015: “As vendas aumentaram em relação a 2020, mas despencaram em relação aos anos anteriores”. Em 2020, o fechamento de supermercados atrapalhou a compra de materiais, e o medo das pessoas reduziu o número de encomendas. Sobre isso, Victor revela que:
“Agora em 2021, já pude organizar melhor a questão sanitária, de embalagem, modernizar as formas de pagamento e evitar contato com as pessoas. Fiz por delivery, através dos aplicativos de entrega”.
FICHA TÉCNICA
Fotografia e texto: Felipe Barros, Felipe Bezerra e Micaela Nogueira
Monitoria e redes sociais: Manoel Cândido, Josineide Barbosa e Louise Viana
Supervisão Editorial: Rostand Melo
*Fotoilustrações na pandemia:
O Coletivo F8 optou por produzir matérias do gênero “ilustrações fotográficas” durante a pandemia como forma de manter a produção dos estudantes de fotojornalismo da UEPB respeitando os protocolos de distanciamento social. As fotoilustrações permitem ao fotógrafo criar uma cena com o objetivo de representar visualmente um tema ou pauta. O uso de objetos, cenários e, em alguns casos, edição de imagens é comum neste gênero.
Comments