Menos de 10 anos fora do ranking, o país tem recaída e volta a ser preocupação da ONU.
No ano de 2014, com Dilma Rousseff na presidência da República, o país saiu pela primeira vez do Mapa da Fome da Organização das Nações Unidas (ONU). Em 2014 o poder de compra do brasileiro era o maior desde 1979, a insegurança alimentar finalmente tinha deixado de ser preocupação máxima para o Palácio do Planalto. Mas, como nem tudo são flores, em 2018 o Brasil voltou ao ranking e em 2021 houve um maior agravamento nestes índices.
Para a ONU, a insegurança moderada é medida quando a população não tem certeza sobre a capacidade de conseguir comida e, em algum momento do ano, teve de reduzir a qualidade e quantidade de alimentos. A insegurança grave é entendida quando as pessoas ficam sem alimentos por um dia ou mais.
O país tem uma população estimada de 213,3 milhões. enquanto 61,3 milhões vivem em situação de vulnerabilidade alimentar. O problema tem relação com a Agenda 2030 da ONU, que prevê estabelece 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). A ONU tem como explicação o "descuido e desleixo” com a ODS de número 2, “Fome zero e agricultura sustentável”, afirma também que o objetivo de erradicação da pobreza foi tirado de urgência e não recebe mais a mesma atenção.
Os brasileiros tentam de todas as formas sobreviver e passar por isso. A maioria dos açougues e supermercados passaram a comercializar partes de animais que antes eram doadas, exemplo de ossos de boi sem carnes que eram doados para sopas, são atualmente vendidos a quase 8 reais o quilo, bem como pele de galinha em bandejas de isopor por R$ 5 a R$ 8 reais e pés de galinha que possuem preços tendenciosos ao aumento constante. Restos da limpeza do frango, como carcaças e ossos sem carne alguma, agora são comercializados como “canja de galinha”.
Existem empresas que fazem coletas de restos de açougues com caminhões e esses pedaços estão sendo abertos ao público para que a população mais vulnerável possa “garimpar” para que encontrem algo para se alimentar. Os preços de alimentos como arroz chegam a ter o quilo comercializado por até R$ 8, o óleo de soja já chegou a custar R$ 16 , o leite de caixinha bateu recorde e agora possui variação de R$ 6R$ a R$ 9. Já o ovo, que era a principal fonte de proteína mais acessível, chega a quase R$ 25 reais uma bandeja.
Fica cada vez mais difícil se alimentar no Brasil e, no governo Bolsonaro, a expectativa de uma melhora se torna menor a cada mês que passa. A cada total na nota fiscal do mercado, a cada compra que você tem que deixar um item para trás, cada vez que você abre mão de algo para sua alimentação e assim aumentando o número de desnutrição infantil e pessoas anêmicas.
O retrocesso é explícito, durante os anos de pandemia ainda mais, onde quem não morria doente, morria de fome. E, dia após dia, as imagens da fome vão voltando ao noticiário nacional, e gradativamente mais a fome toma conta das pautas nos jornais e, infelizmente, cada vez menos se torna tópico de discussão do poder público. A esperança de mudança para este cenário está no futuro do país.
FICHA TÉCNICA:
Fotografia e Reportagem: Giovanna Queiroz e Joan Gino
Supervisão editorial: Rostand Melo
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