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Diego Rodrigo

Alimento para novas vidas: nutrição materno-infantil na pandemia

A nutricionista Larissa Moema fala das mudanças causadas pela pandemia do novo corona vírus na rotina de alimentação na maternidade Elpídio de Almeida e da atividade do profissional de nutrição.



Nutrir o corpo de uma forma natural e orgânica, fugindo das dietas mirabolantes e produtos industrializados. Esse era o pensamento de Larissa Moema, 27, ainda nos primeiros semestres da faculdade de Nutrição.


“Sempre tive a empatia de trabalhar com a população, sempre me identifiquei com isso. Desde os estágios, quando íamos para posto (de saúde), por saber que nem todo mundo tem condições de fazer uma dieta com mirtilo, morango... Eu gosto de fazer o máximo para que se adeque à realidade de cada um”, afirma.


A nutricionista Larissa Moema segura uma fita métrica.
A fita métrica está na rotina da nutrição já que muitos pacientes buscam a redução de medidas. (Foto: Diego Rodrigo)

Formação em Nutrição


Moema lembra que ao entrar no curso, muitos colegas tinham áreas de atuações já definidas, a maioria com foco em nutrição esportiva. Ela, no entanto, pensava em atuar na área clínica.


A nutricionista Larissa Moema, em desfoque, segura uma fita métrica, em destaque.
A fita métrica, contudo, passa a ser pouco usada na nutrição coletiva ou materno-infantil. (Foto: Diego Rodrigo)

Em um mercado de trabalho saturado profissionais de nutrição focados nesses seguimentos na nossa região, hoje ela pondera que os estudantes e a população em geral devem abrir os olhos para as demais áreas que a profissão permite atuar: materno-infantil, nutrição coletiva para atuar em restaurantes ou até mesmo a nutrição clínica, com foco em tratar doenças e comorbidades através da reeducação alimentar.


“São muitas possibilidades e por isso não tem como deixar de estudar. No momento estou cursando especialização em nutrição clínica, funcional e estética para abrir ainda mais os horizontes de atuação profissional.”.




“São muitas possibilidades e por isso não tem como deixar de estudar."

Atuação Profissional


À época de sua formação, ela ainda não imaginava trabalhar com nutrição coletiva ou materno-infantil como o faz desde 2019 no Instituto de Saúde Elpídio de Almeida - Isea, em Campina Grande, tendo começado pouco depois de ser formar pela Unifacisa, no ano anterior.


A nutricionista Larissa Moema preenche um formulário em sua mesa de trabalho. Na foto aparecem objetos de trabalho, livros de Nutrição, computador portátil e uma caneca.
Larissa ressalta que um nutricionista nunca pode ficar desatualizado. (Foto: Diego Rodrigo)

O Isea atua diretamente com o acompanhamento pré-natal, realização de partos, e cuidados com as parturientes, puérperas e recém nascidos. Para Larissa, trabalhar na UAN (Unidade de Alimentação e Nutrição) com nutrição coletiva e nutrição materno-infantil a permite estar no controle tanto na parte clínica quanto na parte de produção.


“Fazer as visitas, verificar a tolerância alimentar de cada paciente e, na cozinha, produzir refeições adequadas a cada caso clínico é bastante satisfatório. Tem pacientes que passam dias, outras semanas e outras meses, então quando eu estou presente lá, o que eu puder fazer, uma dieta que seja que venha a suprir a necessidade de alguma paciente, eu vou fazer, mesmo que as meninas da cozinha não fiquem muito felizes em preparar apenas uma única refeição diferente das demais.”.


Mudanças com a chegada da pandemia


Com a disseminação do novo Coronavírus, Larissa deixou de realizar atendimentos particulares e em seu consultório para dedicar-se exclusivamente às demandas do Isea. Lá, algumas medidas também tiveram que ser tomadas para evitar aglomerações e contaminação através das bandejas com refeições entregues aos pacientes.


Ela lembra que antes o refeitório era aberto ao meio-dia para o almoço das equipes e todos vinham de uma vez. Atualmente, cada equipe tem seu horário, com distanciamento entre as mesas e apenas uma pessoa em cada uma delas. Para as pacientes que estão sob suspeita de estar acometidas pela Covid-19, bem como as que tem a doença comprovada, as refeições passaram a ser enviadas em embalagens descartáveis.


“Nós escrevemos mensagens nas tampas das quentinhas, um salmo ou mensagens positivas, já que sabemos que além da gravidez e da condição da doença, essas pacientes se sentem muito só, pois não podem ter acompanhantes”.

Mensagem em tampa de refeição destinada à pacientes da "ala covid". (Foto: Acervo Pessoal)

Os itens que compõem a vestimenta padrão da equipe de nutrição – touca e máscaras descartáveis – já são também equipamentos de uso recomendado para proteção contra o corona vírus. Contudo, isso não foi suficiente para evitar que a profissional tenha desenvolvido, com sintomas leves, a Covid-19 em julho de 2020. Mesmo já estando hoje imunizada com as duas doses da vacina contra a doença, a nutricionista teme servir de vetor para o vírus e contaminar sua mãe de 55 anos, que ainda não foi vacinada.


A entrevistada veste máscara, touca e camiseta com seu nome e profissão.
Vestimenta padrão da UAN. (Foto: Diego Rodrigo)

“Minha aflição sempre foi trazer para casa o vírus. Por trabalhar com gestante, a gente tem que esquecer a dor da gente para passar uma palavra de conforto para alguém que está em um momento delicado, prestes a dar a luz, sentindo dor, às vezes passando fome, pois as condições de vida nem sempre são boas. Mas o retorno disso é muito gratificante. É quando eu esqueço minhas aflições e de nutricionista passo a ser um pouco psicóloga.”


"Tudo que vem fácil vai fácil. Não adianta fazer nada mirabolante se depois não se tem uma constância, não vai conseguir manter à longo prazo."


No detalhe, a sapatilha no mesmo tom de cor do "scrub". (Foto: Diego Rodrigo)

Perguntada sobre qual o melhor caminho para uma nutrição saudável, Moema ressalta que é necessário procurar um profissional capacitado e com ele traçar o caminho para a adaptação ou correção da forma de se alimentar e ter em mente que nada vem de forma milagrosa. “Não adianta fazer loucura pois tudo que vem fácil vai fácil. Não adianta fazer nada mirabolante se depois não se tem uma constância, não vai conseguir manter à longo prazo. Creia em Deus e vá em frente.”


Larissa Moema em seu ambiente de trabalho. (Foto: Diego Rodrigo)
 

FICHA TÉCNICA

Fotografia e reportagem: Diego Rodrigo

Monitoria e redes sociais: Andresa Costa, Oma Roxana e Louise Viana

Supervisão editorial: Rostand Melo




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