Casados há sessenta e um anos e com uma trajetória bonita e digna de respeito. Pernambucanos morando na Paraíba há mais de 50 anos. Com 11 filhos, 22 netos e 8 bisnetos. Um casal que carrega marcas de uma vida inteira de união e sorrisos serenos de quem já viveu muito e tem muita história para contar.
Naturais de Surubim – PE, Odete da Silva Barbosa, 79, mais conhecida como dona Betinha, mudou-se junto com seu esposo, Severino do Carmo Barbosa, 82, o seu Lulu e seus 11 filhos para Campina Grande em novembro de 1963. Os desafios foram muitos, os dois eram jovens e tinham pouco dinheiro.
Casaram-se muito cedo e não precisaram enfrentar desafios para ficarem juntos. As famílias aceitaram a união com bom gosto. O processo de paquera, namoro, noivado e casamento durou apenas um ano. Se conheceram em uma véspera de feriado de 07 de setembro, uma terça-feira 1956, Dona Betinha lembra-se bem, ela já tinha visto ele de longe, mas nunca tinham conversado, até aquele dia, em que ele foi comprar material de construção na loja do pai dela. Começaram a namorar já no mês seguinte, outubro, noivaram no dia 08 de dezembro, tudo nos conformes, com direito de pedido da mão ao pai de Dona Betinha. No dia 28 de julho de 1957 casaram no civil e na igreja. “A festa durou dois dias, meu pai matou um boi e várias galinhas. Ganhei três bolos de casamento”, disse Dona Betinha.
Seu Lulu sempre calado, só complementando o que dizia Dona Betinha. Vieram para Campina Grande em busca de uma vida melhor. Moraram em apenas duas casas durante esses 55 anos na cidade. Tiveram uma vida inteira trabalhando com comércio. Um comércio itinerante nas feiras das cidades perto de Campina Grande e uma banca na feira central eram sua fonte de renda, mas a economia daquela época estava difícil, o lucro era pouco e os problemas muitos. Até que apareceu a oportunidade de comprarem um ponto na rua Getúlio Vargas.
Hoje, Dona Betinha e Seu Lulu trabalham todos os dias no seu fiteiro, foi assim que nós os conhecemos. Trabalhando com uma simpatia e disposição de dar inveja a muita gente jovem. Eles são aposentados e o fiteiro não é a única fonte de renda do casal, mas não é de interesse deles parar de trabalhar. “Se eu chegar à barraca e não beijar Lulu, ele não terá um dia bom. Pra mim todo dia é como se eu tivesse casando hoje”, afirma Dona Betinha.
Dona Betinha é voluntariosa e “mandona”, Seu Lulu não liga, só obedece e ri. São pacientes um com outro, em um cuidado muito raro de se ver hoje em dia. Eles servem de inspiração em um mundo onde as relações são instantâneas e onde “se quebrou, joga fora”, e não “se quebrou, concerta”.
Que Dona Betinha e Seu Lulu façam mais vários anos de casados e mostrem a muitas pessoas por esse mundo que o amor de verdade pode tudo e, com paciência e perspicácia se vai longe
FICHA TÉCNICA:
Fotografias e reportagem: Bianca Letícia,
Edição: Willy Araújo
Monitoria e Supervisão Editorial: Rostand Melo
Locação: Centro Artístico Cultural (CAC) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB)
Agradecimentos: Dona Betinha e Seu Lulu